quinta-feira, 7 de abril de 2011

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL EM ARTES VISUAIS

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL EM ARTES VISUAIS Relatos sobre experiências pessoais de aprendizagem em arte


Estudei na década a partir da década de 60 a disciplina que tinha a nomenclatura de desenho. Lembro de a professora passar os modelos de desenho no quadro com giz. Desenhávamos sempre as mesmas coisas. A mesma montanha, a mesma estradinha, o mesmo sol, ou flores (que eram sempre iguais) Lembro-me também de fazermos cartões com datas comemorativas. Não lembro de ter conhecido nenhum artista, não fazíamos leituras de imagens e nem aprendíamos técnicas diferentes. Houve nessa época algumas séries em que o desenho era substituído por aulas chamadas "Educação para o lar e etiqueta social". Nessas aulas era ensinado como se portar em uma mesa, ou em um evento público, além de pregar botões, bordar e fazer tricô e crochê. Pensando sobre o passado, vejo a falibilidade da educação em arte que tive, pois nenhum dos "conteúdos" teve aplicação significativa, além de não desenvolver as inúmeras potencialidades da área.
MEU ÍDOLO ARTISTA: FÃS-CLUBES DE ARTE NA WEB LUCIANA CRESPO DE ALVARENGA MOÇO



Este projeto foi desenvolvido em duas escolas particulares, a saber: o Colégio João Paulo II e o Colégio Eucarístico. Ambos localizados em Campos dos Goytacazes, norte do estado do Rio de Janeiro, estas escolas estão situadas na zona urbana do município . Nas duas escolas o trabalho foi realizado com turmas do 9º Ano, do nível fundamental II. Os alunos nelas matriculados são, em sua maioria, oriundos da classe média.Tudo começou quando o livro que utilizamos no ensino da Arte trouxe a proposta de uma pesquisa sobre a vida de um artista, sugerindo que cada aluno pesquisasse um artista que fosse das artes plásticas, música, cinema, do teatro, ou até mesmo da palavra, da mídia, etc. Então fizemos uma pesquisa no laboratório de informática em que os alunos puderam descobrir um pouco mais sobre a vida e a obra de vários artistas das várias linguagens da Arte. Neste momento a maioria dos alunos demonstrou um interesse natural por saber mais sobre renomados artistas plásticos. E então, propuseram o seguinte: “Por que não pesquisarmos só sobre os artistas plásticos?”.A partir deste questionamento feito pelos alunos do Colégio Eucarístico comecei a pensar em uma forma diferente de fazer com que eles pesquisassem a vida e a obra dos artistas sem que isto se resumisse a uma simples pesquisa biográfica. E cheguei a conclusão de que se dividisse a turma em grupos e propusesse a cada grupo que pesquisasse um artista diferente, eles poderiam simultaneamente conhecer muitos artistas e trocar ideias sobre suas descobertas. A proposta incluía também a apresentação da pesquisa para a própria turma e para as demais turmas do 9º ano. Levei esta proposta também para os meus alunos do Colégio João Paulo II. Os alunos, de ambos os colégios, receberam muito bem esta proposta e empolgaram com a ideia. Então, marcamos mais uma aula no laboratório de informática e começamos a pesquisar vida e obra de diversos artistas na internet: imagens de obras, fotos, relatos sobre as vidas dos artistas, comentários de críticos de arte e etc. Os alunos recolheram todo tipo de informação que foram encontrando sobre os artistas e, em grupo, optaram por aprofundar a pesquisa no que lhes parecera mais interessante. Em seguida, começaram a montar cartazes, a confeccionar banners, slides e outros recursos para apresentação da pesquisa sobre o artista escolhido.Tamanho foi o envolvimento dos alunos com o trabalho proposto que surgiu a ideia da formação de fã-clubes de artistas, como forma de trocarem ideias sobre os diferentes artistas pesquisados pelos diversos grupos, suas vidas e suas obras, mantendo o dinamismo e atualizações das informações através de blogs. E estes blogs foram, então, pensados e criados pelos grupos. Assim nasceu o projeto “MEU ÍDOLO ARTISTA: FÃS-CLUBES DE ARTE NA WEB”.Foram elaborados ao todo nove blogs. Estes blogs contém: biografias, imagens, identificação dos grupos, espaço para comentários, link para outros blogs e contagem de visitantes. A partir da elaboração dos blogs comecei a incentivar a troca de informações, não só entre os diferentes fãs-clubes de uma das escolas, mas também entre os diferentes fãs-clubes das duas escolas em que atuo. Voltamos ao laboratório de informática para que eles conhecessem os blogs desenvolvidos pelos fãs-clubes das outras turmas e da outra escola, e deixassem perguntas a respeito do ídolo artista de cada blog. Os alunos então passaram a trocar idéias através dos blogs. Como culminância parcial do projeto os fãs-clubes realizaram uma mostra dos trabalhos.Nesta ocasião foram feitas apresentações, distribuições de panfletos e cartões com endereços dos blogs. Os alunos de outras turmas também visitaram o stand. No final da mostra os alunos reuniram-se e fizeram uma avaliação em forma de debate para saber o que ficou de toda essa experiência, o que eles mais gostaram de fazer, o que não gostaram e discutimos também a importância da Arte e de conhecer a vida do artista para melhor entender a poética deles.Aprenderam e discutiram sobre pluralidade cultural a partir da percepção de que a história de vida de cada artista, sua origem e suas vivências se refletem em suas produções artísticas. Vivenciaram também a ética no respeito pela diversidade de interesses, gostos e predileções de cada grupo por cada artista escolhido.De tudo quanto foi proporcionado através desta experiência, o mais importante para mim foi ver a empolgação dos meus alunos para a confecção e atualizaçãodos blogs , pesquisando informações ediscutindo as formas de utilizá-las. A gestão dos blogs foi bastante democrática e o interesse pelo trabalho foi crescente com o desenrolar do projeto. Marcante, para mim, também foi o recado deixado por um grupo num dos blogs, dizendo da oportunidade que eu dei a eles de conhecerem mais sobre os artistas. Este trabalho me mostrou que o ensino da arte pode tornar-se ainda mais dinâmico, interessante e prazeroso, ficando, inclusive, ainda mais rico, com o auxílio dos recursos tecnológicos, da informática e da internet. Acredito que a escolha foi muito acertada, porque as linguagens tecnológicas seduzem os alunos, principalmente os da série abordada. Com isso, além de construir conhecimento significativo em Arte, o aluno também desenvolve o senso crítico relacionando as épocas em que os artistas viveram com os dias de hoje. A integração proposta pela professora quando os alunos visitam os blogs dos colegas torna ainda mais significativo e prazeroso o conhecimento. Esse relato pode servir como exemplo de como os meios tecnológicos podem ser usados em favor da pesquisa e do conhecimento. E que aprender pode ser dinâmico e divertido. Tendo uma sala de informática e internet podemos desenvolver um trabalho inovador.